segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O direito à dignidade e à vida - intervenção de Jorge Falcato, dos (d)Eficientes Indignados

O direito à dignidade e à vida

Quem são as pessoas com deficiência?

São mais de 10% da população.
São pobres. 
49% das famílias que integram uma pessoa com deficiência têm rendimentos mensais que não ultrapassam os 600€. 
É nestas famílias que o estado delega a responsabilidade de assegurar a subsistência das pessoas com deficiência. 

A maioria vive de pensões que não ultrapassam os 212 euros mensais. São 7 euros por dia.
O estado gasta mais do que isto com cada cão da GNR.

Mas, atenção, estas pessoas perdem o direito a à pensão se tiverem qualquer outro rendimento superior a 178 euros. 
Se casarem com alguém que tenha mais de 250 euros mensais também perdem o direito à pensão. O Estado português acha que um casal pode viver com 125 euros cada um.

Se a pessoa com deficiência necessitar de apoio nas suas actividades da vida diária, tem direito a 88 euros mensais para pagar a quem lhe preste assistência.
Como este apoio só é concedido a quem necessita de pelo menos 30 horas semanais de assistência, o seu cuidador recebe a fantástica quantia de 49 cêntimos à hora.
O tratador do cão da GNR, como é evidente, recebe muito mais.

É esta a situação de grande parte das pessoas com deficiência em Portugal, a crise não é novidade para elas. Sempre foi assim. Nunca andaram a gastar acima das suas possibilidades. Sempre viveram em crise.

Mas a desculpa da crise serviu para agravar ainda mais as nossas condições de vida. 
Cortaram no transporte para tratamentos. Cortaram no apoio ao ensino especial. Dificultam a atribuição de produtos de apoio que são indispensáveis, obrigando muita gente a recorrer à caridade da recolha de tampinhas e festas de aldeia. Cortaram nos salários dos poucos que têm emprego e que têm despesas acrescidas para poderem trabalhar. 

Esta situação de discriminação, esta vida de exclusão não pode continuar.

Nós temos direito a viver. E viver não é só respirar.

Temos direito a um rendimento digno.
Temos direito a não ser prisioneiros nas nossas próprias casas.
Temos direito a viver onde queremos e a não ser obrigados a viver em lares de idosos.
Temos direito a usar as cidades, a ir onde nos apetecer.
Temos direito aos transportes públicos.
Temos direito a uma educação e formação profissional inclusivas.
Temos direito a uma vida independente!

É por tudo isto e porque continuamos a ser vítimas de discriminação, que nós, (d)Eficientes Indignados, saímos à rua e voltaremos a sair as vezes que for preciso, apelamos a todas as pessoas com deficiência e suas famílias que se juntem a nós nesta luta.

Somos muitos e não estamos dispostos a continuar a ser cidadãos invisíveis.

ISTO PODE MUDAR. 

ISTO VAI MUDAR!